Numa altura em que o aquecimento global é notícia, e que a grande causa da poluição é apontada para a indústria automóvel, convém relembrar um estudo publicado em 2018 pela Carbon War Room (organização sem fins lucrativos) que é deveras preocupante.
Segundo esse estudo, de 90% do comércio mundial é feito com
recurso ao transporte marítimo e claro está as cadeias de logísticas
associadas.
Photo//Tempo.pt |
Como será o mundo se ultrapassarmos o limite climático de 1,5 graus
Os navios gigantes, alimentados a fuelóleo (o desperdício do
processo de refinação do petróleo) que transportam milhões de toneladas de
carga, são responsáveis por movimentar a economia do mundo. Desde o automóvel,
o telemóvel e produtos alimentares, tudo é transportado nestes grandes navios.
Unindo os vários continentes, o transporte marítimo é a fundamental nas trocas
comerciais de todo o mundo.
Mas, de acordo com a Carbon War Room, os 15 maiores navios
do mundo, sozinhos, emitem mais NOx e enxofre para a atmosfera do que os 1.300
milhões de automóveis a circular em todo o mundo. Em todo o mundo existem muitos milhares de navios a navegar emitindo milhões de toneladas de NOx para a
atmosfera todos os dias.
O combustível utilizado por estes navios é o fuelóleo, que
nada mais é que um derivado do petróleo, muito pouco refinado, e com alto teor
de enxofre e produzindo uma grande quantidade de óxido de enxofre e compostos
de óxido de azoto quando é queimado. Os automóveis queimam uma gasolina
altamente refinada que quase não produzem enxofre, e óxidos de nitrogênio.
Um grande navio de cruzeiros emite tanto CO2 como 83.678
carros, tanto óxido de azoto como 421.153 automóveis, tantas partículas como um
milhão de veículos e tanto dióxido de enxofre como 376 milhões de carros.
Embora os navios emitam apenas 3% dos gases de efeito
estufa, a quantidade de óxidos de azoto (o famoso NOx) emitidos para a
atmosfera é preocupante e ultrapassa as emissões dos 1.300 milhões de veículos
que circulam atualmente em todo o mundo.
No entanto, a pressão ambiental sobre a indústria automóvel
aumenta ano após ano, como se fossem estes os únicos grandes causadores do
desastre ambiental, e que tem feito a carga fiscal e o custo dos automóveis
aumentar.
Já na indústria naval e nas empresas de transporte marítimo
a pressão também tem aumentado, mas em muito menor escala.
Há no entanto um aspeto importante que importa salientar. Grande
parte das emissões dos navios ocorre em alto mar, pelo que de imediato causa
menos danos à saúde pública que os automóveis nas cidades.
Qual o futuro
Organização das Nações Unidas (ONU) concordou em impor restrições
à poluição destes grandes navios até 2020, e a União Europeia também tomou
medidas nesse sentido, mas estas medidas (IMO 2020) não tiveram os efeitos
esperados, e os grandes navios, apesar das grandes inovações tecnológicas
introduzidas nos navios principalmente nos navios novos, continuam a ser
grandes poluidores. Essas medidas, a ser implantadas, deverão aumentar ainda
mais a pressão sobre o setor, e que certamente terá reflexos no preço dos
produtos para o consumidor final. Afinal de contas, 90% do comércio mundial é
feito por intermédio do transporte marítimo.
Photo//Tatu na hora |
Temos 11 anos para reduzir as emissões de CO2 para evitar os piores cenários climáticos
Apesar dos navios representarem cerca de 3% dos gases do
aquecimento, a aviação corresponde a muito mais, cerca de 5%
Esses dois setores combinados são equivalentes ao sexto
maior emissor se comparado com nações do mundo. Ambos os setores estão entre as
fontes de crescimento mais rápido das emissões em escala global
O que esperar da Conferencia do Clima 2021, COP26 de Glasgow.
Referencia//Transport and Environmen
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