Na Sibéria, a 10 quilómetros da cidade russa de Batagay, uma
enorme cratera rasga a superfície terrestre ao longo de um quilómetro e com
mais de 85 metros de profundidade.
Ao longo de 200 mil anos e até aos anos 60,
a cratera de Batagaika não passava de uma mera ravina. Mas a desflorestação e o
aquecimento global transformaram aquela pequena depressão siberiana na maior
cratera em permafrost, do mundo.
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Photo//COLEÇÃO DE IMAGENS KATIE ORLINSKY / NATGEO |
Mudanças climáticas podem extinguir 60% das espécies de peixes
Os russos e os cientistas que visitam o local há 60 anos
chamam-lhe “Portão para o Submundo”. Desde que a floresta em volta desapareceu
e as temperaturas subiram, o degelo no solo tem rachado cada vez mais o Portão,
estando já com 900 metros de largura e, de acordo com os estudos mais recentes,
aumenta cerca de dez metros por ano desde 2006.
A cratera demonstra o desastre que esta a acontecer com o aquecimento
global. Verkhoyansk, a apenas 75 quilómetros, registou a temperatura mais alta
alguma vez medida no Ártico, 38°C, no início do ano. À medida que derrete,
liberta-se para a atmosfera o dióxido de carbono e o metano que resulta da
decomposição do material orgânico, e que contribui para o efeito de estufa e
para as alterações climáticas.
Mas o Portão para o Submundo é também uma forma de observar
o passado da Terra. Os cientistas já encontraram na cratera fósseis de animais
como leões e lobos das cavernas, cavalos e bisontes extintos há milhares de
anos. Para lá chegarem, no entanto, precisam de caminhar pelo que resta da
floresta, sempre acompanhados pelos ameaçadores sons da terra a rachar debaixo
dos seus pés cada vez mais fortes à medida que se aproximam da ravina.
As estimativas mais recentes sobre o aumento do nível do mar são muito pessimistas
O Portão para o Submundo é, portanto, “um sítio
impressionante”, adjetiva Thomas Opel, do Instituto Alfred
Wegener: “Dá-nos uma janela para os
tempos em que o permafrost estava estável e os tempos em que se estava a
erodir”. Segundo a ScienceMagizine, há grupos de investigadores que incorporam as expedições anuais ao
local na esperança de encontrar células vivas que possam ser clonadas.
Referencia//BBCNews/O Observador
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