Os principais especialistas em biodiversidade do mundo
fizeram um alerta, a pandemia atual de coronavírus pode ser seguida por outra
ainda mais mortal, caso não se ataque o problema pela raiz.
A raiz do problema é a destruição que estamos a provocar á
natureza. “Há uma única espécie responsável
pela pandemia de Covid-19, nós. As epidemias recentes são uma consequência
direta da atividade humana, particularmente dos nossos sistemas financeiros e económicos globais que priorizam crescimento económico a qualquer custo. Temos uma pequena
janela de oportunidade para superar os desafios da crise atual e evitar semear
novas”, disseram Josef Settele, Sandra Díaz, Eduardo Brondizio e Peter
Daszak, no relatório encomendado pela Plataforma Intergovernamental de
Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IBPES).
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Photo//Pixabay/FelixMittermeier |
Efeitos colaterais da pandemia mostram como o futuro poderia ser diferente
“Proceder como temos
feito até agora não funcionará. Agora, temos pandemias que podem acontecer e
esperança para que haja uma vacina. Essa não é uma boa estratégia. Precisamos
lidar com as causas subjacentes”, reforçou Daszak.
A IPBES foi criada em abril de 2012 com o objetivo de
informar os governos sobre o estado da biodiversidade, ecossistemas e serviços
prestados, reforçando a interface ciência/política. A plataforma também disponibiliza
informações para o aconselhamento de políticas e de estratégias setoriais em
favor da conservação e uso sustentável da natureza, do bem-estar humano e do
desenvolvimento sustentável.
Em 2019, Josef Settele, Sandra Díaz e Eduardo Brondizio
conduziram a avaliação mais abrangente até então feita da saúde do planeta para
o IPBES. O estudo concluiu que a sociedade humana estava em perigo devido ao
declínio acelerado dos sistemas naturais de suporte à vida na Terra.
Este ano, com a entrada na equipa do Dr. Peter Daszak, o
novo relatório indicou que o “a
desflorestação desenfreada, a expansão descontrolada da agricultura, a
agricultura intensiva, a mineração e o desenvolvimento de infraestruturas, bem
como a exploração de espécies selvagens criaram uma ‘tempestade perfeita’ para a propagação de doenças”.
E como essas atividades causam pandemias?
Essas atividades causam pandemias ao colocar mais pessoas em
contato e conflito com animais, a partir dos quais tem origem 70% das doenças
humanas emergentes.
Esse fator, combinado com a urbanização e o crescimento
explosivo das viagens áreas por todo o mundo, foi o que permitiu que um vírus
provavelmente originado de um morcego asiático espalhasse sofrimento e parasse
a economia e a sociedade em tolo mundo.
O que é pior é que o Covid-19 pode ser apenas o começo. “É provável que pandemias futuras ocorram com
mais frequência, se espalhem mais rapidamente, tenham maior impacto económico e
matem mais pessoas se não tomarmos muito cuidado com os possíveis impactos das
escolhas que fazemos hoje”, destacaram os cientistas.
De acordo com os especialistas, os pacotes de recuperação
multi-trilionários que estão sendo lançados pelos governos para recuperação da
economia deveriam ser usados para fortalecer e fiscalizar proteção ambiental.
Efeitos colaterais da pandemia mostram como o futuro poderia ser diferente
“Pode ser politicamente
conveniente abandonar os padrões ambientais e apoiar setores como agricultura
intensiva, companhias aéreas e setores de energia dependentes de combustíveis
fósseis, mas fazê-lo sem exigir mudanças urgentes e fundamentais subsidia
essencialmente o surgimento de futuras pandemias”, esclareceram.
Além disso, programas de vigilância e serviços de saúde
precisam ser adequadamente financiados nos países na linha de frente do risco
de pandemias.
Dado que a saúde das pessoas está intimamente ligada com a
saúde da vida selvagem e do meio ambiente, tudo deve ser considerado uma coisa
só. “Isso não é simples altruísmo, é um investimento vital no interesse de todos
para evitar futuros surtos globais”, enfatizaram.
Se for necessário um incentivo financeiro, ele também
existe: “Os programas de que estamos falando
custarão dezenas de biliões de dólares por ano. Mas quando estamos numa
pandemia, mesmo que seja apenas uma por século, que custa triliões, então ainda
eiste um retorno incrivelmente bom sobre o investimento”, argumentou
Daszak.
Em resumo, os cientistas creem que podemos sair dessa crise
mais fortes e resistentes do que nunca, “escolhendo
ações que protejam a natureza, para que a natureza possa ajudar a nos proteger”.
É como disse o responsável pelo meio ambiente da ONU, Inger
Andersen, em março: “A natureza está nos
enviando uma mensagem com a pandemia de coronavírus e a atual crise climática.
Ela nos disse que deixar de cuidar do planeta significa não cuidar de nós
mesmos”.
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Referencia//Iipbes
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