Depois de repetir nos últimos dias que a batalha contra o novo coronavírus estava praticamente ganha, a China, num gesto pleno de simbologia, levantou na madrugada de 8 de abril o confinamento imposto em Wuhan.
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Embora os especialistas afirmem que, para evitar uma segunda vaga de contágio, a suavização das restrições da quarentena deva ser gradual, a vida vai retomando o seu curso normal.
As notícias são inclusive tranquilizadoras no plano económico. Após resultados desastrosos em janeiro e fevereiro, o Índice de Atividade Económica (PMI) da China no setor transformador recuperou em março, subindo para 52. Note-se que acima de 50 o índice indica uma expansão da atividade, ou seja, é um sinal de retoma económica.
"Já com os meios de transporte a funcionar, sobretudo graças ao apoio governamental, as pessoas puderam regressar ao trabalho em algumas fábricas. Contudo, a situação é muito diferente de uma região para outra e a recuperação muito lenta", afirmou à Sputnik França ,Mary-Françoise Renard, especialista em economia chinesa.
"O maior desafio para o governo é o emprego. A China não é um Estado social. Para já, Pequim não decretou um plano geral de estímulo, mas somente medidas específicas, nomeadamente de apoio ao emprego. Há que ter em conta que a legitimidade do poder chinês deriva da sua capacidade de proteger o seu povo e de melhorar o seu nível de vida. A luta contra o desemprego está, pois, no centro das políticas que estão sendo prosseguidas", considera Mary-Françoise Renard.
Embora a recuperação seja lenta, esta deverá no entanto permitir à China evitar a recessão em 2020. O Banco Mundial prevê um crescimento de 0,1% no pior dos cenários, bem longe dos 6% inicialmente previstos, mas Pequim evitaria a recessão, que irá afetar provavelmente a maioria das potências económicas mundiais.
Espera-se que as consequências económicas da pandemia do novo coronavírus sejam catastróficas para muitas economias. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, o mundo enfrenta a pior crise do mercado de trabalho desde a Segunda Guerra Mundial, podendo afetar 1,25 biliões de trabalhadores.
Por seu turno, a Organização Mundial de Comércio assinalou que setores inteiros das economias nacionais foram paralisados ou diretamente afetados pelas medidas de combate à pandemia.
Na França, o governo prevê uma queda do PIB de cerca de 6% em 2020, havendo já sinais de recessão nos Estados Unidos, Itália, Espanha, Alemanha, Japão e em muitas outras grandes potências econômicas.
Para Mary-Françoise Renard, "é muito cedo para falar de retoma" na China, relembrando que "a China é altamente dependente de outros países. Em primeiro lugar, no que diz respeito às cadeias de valor, se outros países não podem comprar, por conseguinte, a China não pode processar".
"Mas, acima de tudo, Pequim está muito dependente da procura externa, que está em queda livre", pelo que é muito cedo para afirmar que a China poderia ser o próximo líder da economia mundial, dado ser ainda desconhecido o "impacto real da crise do coronavírus na economia chinesa", concluiu a especialista.
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Referencia//SputnikNews
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