sexta-feira, 27 de março de 2020

Estratégia usada na vacina contra o ébola pode ser aplicada para o novo coronavírus


A vacina contra o ébola é composta por fragmentos de proteínas do vírus, capazes de estimular resposta imune. Esta estratégia pode ser usada com COVID-19.
A estratégia usada para desenvolver uma candidata à vacina contra o ébola, elaborada pela farmacêutica norte-americana Flow Pharma em parceria com investigadores brasileiros, pode orientar a criação de um imunizante contra o novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19.

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Virus Ebola //Photo //Superinteressante

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Em testes efetuados com camundongos, a vacina experimental contra o ébola demonstrou ser capaz de conferir, com uma única dose, imunidade contra o vírus hemorrágico que se propagou na África Ocidental entre 2013 e 2016.
Os resultados dos testes do imunizante em modelo animal foram descritos num artigo publicado no final de fevereiro no bioRxiv, um repositório de acesso aberto de artigos em fase de pré-print na área de ciências biológicas.
A vacina contra o ébola é composta por fragmentos de proteínas (peptídeos) do vírus, capazes de estimular o sistema imune e de induzir uma resposta potencialmente protetora, encapsulados em partículas micrométricas.

Para mapear regiões da estrutura do vírus ébola mais promissoras para identificação desses peptídeos capazes de serem usados como antígenos para o desenvolvimento da vacina, os pesquisadores usaram algoritmos computacionais.
Um dos critérios que estabeleceram para os algoritmos localizarem essas potenciais regiões na estrutura do vírus é que tinham de ser muito conservadas, ou seja, não poderiam variar muito de um isolado viral para outro. Isso garante que a vacina será eficaz mesmo contra variantes do patógeno.
Outro critério é que as regiões escolhidas sejam capazes de ser reconhecidas pelo sistema imune da maioria das pessoas.


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Coronavirus/Photo CNN

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Os potenciais peptídeos localizados em regiões mais conservadas do vírus foram testados em células de 30 pacientes sobreviventes do surto do ébola no Zaire, entre 2013 e 2016.
 As análises indicaram que células do sistema imune, chamadas linfócitos T CD8+, de 26 desses 30 pacientes sobreviventes ao ébola responderam a uma proteína denominada NP44-52.
Com base nessa constatação, foi fabricada uma vacina experimental com a NP44-52 encapsulada em microesferas, na forma de um pó seco, estável à temperatura ambiente e biodegradável.
A vacina experimental foi inoculada em camundongos geneticamente modificados (C57BL/6), usados como modelo de doenças humanas.
Os resultados do estudo indicaram que a vacina produziu uma resposta imune protetora nos animais 14 dias após uma única administração.



Vacina contra a COVID-19


Na avaliação dos autores do estudo, a mesma abordagem poderia ser aplicada à COVID-19, uma vez que o vírus também possui regiões conservadas e é possível identificar peptídeos potenciais para o desenvolvimento de uma candidata à vacina.
Se agirmos agora, durante a pandemia de COVID-19, talvez seja possível recolher e analisar amostras de sangue e criar rapidamente um banco de dados de peptídeos ideais para inclusão em uma vacina com cobertura potencialmente ampla, com desenvolvimento e fabricação rápidas”, afirmam os investigadores.
Uma outra estratégia de vacina contra a COVID-19, está sendo desenvolvida no Laboratório de Imunologia do Incor, com apoio da Fapesp.

O investigador Cunha Neto e algumas das maiores autoridades mundiais em vacina, como Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), têm ponderado, contudo, que o desenvolvimento de uma candidata à vacina contra a COVID-19 deve demorar de um ano a um ano e meio.
Esse tempo é necessário para a realização de todas as fases de testes, inicialmente em animais e depois em humanos, a fim de assegurar a segurança e a eficácia do imunizante, ressaltam os especialistas.



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Referencia//Biorxiv//Ecycle



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